21.8.11

O meu relógio.

A poucos minutos do hoje se tornar amanhã olho para trás, para o passado. Sinceramente não estou a gostar do que vejo. Está tudo tão confuso, uma vista desfocada do horizonte. Começou a desfocar agora mas a verdade é que o está. Vejo tudo de uma forma diferente, é como se tudo o que eu decido num dia, no dia a seguir já não tem qualquer sentido mas mesmo assim continuo em frente porque o orgulho tem a última palavra, a última gargalhada.
Vejo que errei muito no que toda a gente chama de passado. Erros esses que acredito não terem qualquer retoma possível, qualquer emenda milagrosa. Pelo menos é o que vejo (ou neste caso não vejo), ao contrário de toda a gente que vê uma solução em cada esquina. Soluções essas que são completamente impossíveis... Nessas soluções todas já eu pensei mas ninguém se apercebe que há coisas, peças que faltam nas suas visões, em tudo o que sabem. Assim como falta peças na minha visão de tudo o que não faz parte de mim. Quer dizer, talvez já nem isso. Agora já nem da minha própria vida sei. Não sei da única coisa que é supostamente minha.
Volto a olhar para o relógio e dou-me conta que o meu hoje já não é o mesmo. É agora o que ontem me trazia esperança mas que na verdade não passa de um dia igual ao que pensei ser esperança e depois me desiludiu. Aliás, exactamente como tudo o resto. A única coisa que muda é o tempo que levas até veres a verdade, até o teu orgulho te deixar ver o que a mente já sabia à muito. Pelo menos é assim que o meu orgulho funciona.